O Governo do Estado entrega, às 10h desta sexta-feira (24), as obras concluídas de revitalização do Monumento Natural Vale dos Dinossauros. Coordenado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e com patrocínio da Petrobras, foram investidos no projeto R$ 1,2 milhão, que incluem os custos das obras de infraestrutura e ações socioeconômicas voltadas para geração de renda na região e para a sustentabilidade da Unidade de Conservação.
De acordo com a superintendente da Sudema, Laura Farias, a reabertura do Monumento Natural Vale dos Dinossauros é apenas o primeiro passo no processo de revitalização da Unidade de Conservação. “Além das obras que foram realizadas para trazer mais conforto aos visitantes, renovamos a exposição que conta a história do Monumento”, afirmou, adiantando que agora será iniciado o trabalho junto aos moradores da região, oferecendo cursos de capacitação para que eles possam melhorar a renda familiar e se transformem em parceiros.
Infraestrutura – As obras de revitalização do Monumento Natural Vale dos Dinossauros incluíram a reforma do museu, a climatização do local, reestruturação do espaço de exposições, auditório, escritórios e banheiros, urbanização da área externa, com delimitação das vagas de estacionamento para carros, motos, ônibus e vans, além do calçamento das trilhas e reforma das passarelas e mirantes, sempre respeitando as normas de acessibilidade. Todos os espaços do Vale também receberam placas indicativas para guiar o visitante durante o seu passeio no Monumento.
Segunda etapa – Após a reabertura do Vale dos Dinossauros, os moradores de Sousa e municípios vizinhos terão a oportunidade de participar de cursos de capacitação em áreas que possam ser utilizadas para melhorar a renda familiar em consonância com o trabalho desenvolvido na Unidade de Conservação. Os cursos oferecidos darão a oportunidade aos moradores da região de atender a demanda trazida com o incremento no turismo gerado pelo Vale.
Pesquisa Científica – Pesquisadores que desejarem estudar um dos principais sítios paleontológicos do mundo também terão um local reestruturado para apoio. A Casa do Pesquisador, que era uma residência do morador da propriedade rural antes de ser transformado em Unidade de Conservação, foi completamente reformada para servir de apoio aos pesquisadores. Com esta base de apoio, espera-se que seja ampliado o conhecimento sobre as pegadas na região, possibilitando o encontro de novos vestígios, e favorecendo outros tipos de pesquisas científicas como os estudos da biodiversidade e nas áreas socioambientais.
Pegadas fossilizadas - Para o coordenador de estudos ambientais da Sudema, Thiago Silva, a importância da região para a paleontologia é muito grande. “Se trata de um dos maiores sítios de icnofósseis do mundo e a área explorada é muito pequena, ainda com grande potencial de escavações no local”, afirmou. “Além de dizer que dinossauros passaram por ali, a formação de icnofósseis nos mostra que aquele já era um ambiente semiárido que sofria entre períodos chuvosos e secos”, lembrou.
Essa natureza semiárida do local foi responsável pela preservação das pegadas encontradas no Vale. Nos períodos chuvosos, eram ambientes lamacentos onde o animal pisava e, em seguida, recebiam um ressecamento natural. Estes espaços ressecados, ainda impregnados com a formação deixada pelo peso do animal passavam a receber novas camadas superficiais de material mineral que, ao longo de 165 milhões de anos, pressionou e aqueceu a estrutura, realizando o processo de pedogênese, formação de rocha a partir daquela lama ressecada.
Monumento Natural – O Monumento Natural Vale dos Dinossauros surgiu da desapropriação do Sítio Paleontológico Passagem de Pedras, realizada no ano de 1992, e foi transformada em Unidade de Conservação de Proteção Integral (UCPI) pelo Governo do Estado em 2002. Por se tratar de uma UCPI, o local tem o acesso de visitantes controlado, além de ser proibida a exploração da mata nativa e instalação de moradias.
Com uma área de 40 hectares, o local é categorizado como Monumento Natural pela singularidade do patrimônio paleontológico que conserva. Na área da UCPI são encontrados vestígios (pegadas) de, pelo menos, quatro espécies de dinossauros que habitaram a região da bacia sedimentar de Sousa no período do Cretáceo Inferior, há cerca de 165 milhões de anos. A área do Vale é ainda maior, engloba quatro municípios da região, onde são catalogados mais de 20 sítios paleontológicos com a presença de icnofósseis, como as famosas pegadas, e árvores fossilizadas.
Conselho Gestor – Principal ferramenta de gestão de uma Unidade de Conservação, o Conselho Gestor do Monumento Natural Vale dos Dinossauros será reativado no decorrer da semana para que o Vale seja entregue à população completamente funcional. O Conselho é responsável por todas as ações administrativas da Unidade e deve, até a data de reabertura, formalizar os dias e horários de funcionamento do Museu e de recepção dos visitantes no Monumento.
Conservação – Além dos icnofósseis estudados na região, a Unidade de Conservação também conserva uma área do bioma Caatinga. O bioma do Sertão nordestino, único exclusivamente brasileiro, é caracterizado pelo clima semiárido e pela baixa umidade do ar associada às altas temperaturas. Rica em biodiversidade, a Caatinga abriga 1/3 das espécies endêmicas brasileiras em sua vegetação formada por arbustos, árvores retorcidas e cheias de espinhos.
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