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sexta-feira, 22 de maio de 2015

País fechou 97.828 vagas em abril, pior resultado para o mês desde 1992

Por Mariana Faria e Laura Naime*
Do G1, em Florianópolis e em São Paulo
Depois de uma pequena recuperação em março, a economia brasileira voltou a demitir. Em abril, foram fechadas 97.828 vagas de emprego formais, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
É o pior resultado para meses de abril desde 1992, quando tem início a série histórica do ministério. Naquele ano, foram cortadas 63.175 vagas no mês. Em abril de 2014, foram criadas 105 mil vagas.
CRIAÇÃO DE VAGAS FORMAIS
Meses de abril, em milhares
229,8301,9294,5106,2305272,2216,9196,9105,3-97,820102015-200-1000100200300400
Fonte: MTE
O corte de 97 mil vagas é resultado de 1.527.681 admissões e 1.625.509 desligamentos, o que representa uma queda de 0,24% em relação ao estoque de empregos com carteira assinada do mês anterior.
Foi o terceiro mês de corte de vagas no ano. Em janeiro e fevereiro, respectivamente, as demissões superaram as contratações em 81.774 e 2.415 vagas formais. Em março, foram criados 19.282 novos postos. Estes números foram considerados sem ajuste para declarações fora do prazo.
Segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias, as empresas desistem de investir por conta da percepção de que o país passa por uma crise – que é política e não econômica, de acordo com ele. “Quem pretende empreender, desiste e não contrata, o que se reflete no mercado de trabalho”, afirmou.
De acordo com Dias, com o ajuste fiscal e com os cortes que estão sendo anunciados, o governo está criando condições para que haja estabilidade econômica e o país volte a níveis de emprego como o de antes da crise política, e destacou os avanços em relação à formalização.
“Estamos avançando com nosso programa de combate à informalidade, que busca legalizar 400 mil trabalhadores e elevar a arrecadação em R$ 2,6 bilhões. Temos boas perspectivas de investimentos, que devem ajudar na geração de empregos”, avaliou o ministro.
selo caged (Foto: G1)
MP de proteção ao emprego
Segundo Manoel Dias, uma propsota de Medida Provisória (MP) de criação do Programa de Proteção ao Emprego deverá ser apresentada em cerca de dez dias, para discussão em um fórum sobre o assunto. Esse fórum só deve começar a se reunir após o final da votação sobre o ajuste fiscal no Congresso.
O modelo do programa, segundo ele, é baseado no existente na Alemanha, "que deve funcionar bem na indústria de transformação, metalúrgica e automobilística".
Ainda de acordo com o ministro, o projeto prevê um subsídio de até 6 meses com cobertura de até 20% do salário do trabalhador. Os recursos viriam do Tesouro e do FAT. "Isso funcionaria em empresas que tiverem que diminuir o salário do trabalhador por crise no orçamento", afirmou Dias.
Acumulado do ano
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 137.004 postos com carteira assinada. Este foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002.
Também foi a primeira vez, para os quatro primeiros meses de um ano, desde 2002, que o saldo ficou negativo. Os saldos de janeiro a março foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de abril ainda está sem ajuste.
CRIAÇÃO DE VAGAS FORMAIS
Em %
58,825,311,7101,4123,7-30,28,3-555,5-81,7-2,419,2-97,8mai/14jun/14jul/14ago/14set/14out/14nov/14dez/14jan/15fev/15mar/15abr/15-600-400-2000200
Fonte: MTE
Setores
A indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês: foram 53.850 postos perdidos no período. A construção civil cortou 23.048 vagas, enquanto os serviços perderam 7.530. No comércio, foram 20.882 vagas a menos.
A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 8.470 vagas. Segundo o MTE, os ganhos vieram em função da sazonalidade, principalmente das atividades ligadas ao cultivo do café, apoio à agricultura e de cultivo da cana de açúcar.
Na indústria, houve corte de empregos em 10 dos 12 segmentos analisados.
As maiores quedas foram vistas em produtos alimentícios (-13.410); mecânica (-9.754), material de transporte (-9.754) e metalúrgica (-8.818 postos). Houve criação de vagas apenas nos setores de química (+2.713) e borracha (+54).
Regiões
No recorte por regiões, o Nordeste registrou o pior resultado, com 44.477 vagas a menos. No Sudeste, foram cortados 31.912 postos, enquanto Sul e Norte perderam, respectivamente, 13.489 e 8.371 vagas, respectivamente.
Apenas a região Centro-Oeste teve resultado positivo no mês, com a criação de apenas 421 vagas de trabalho com carteira assinada.
VAGAS POR ESTADO
Geração de vagas em abril
2.2851.05361236995-34-209-272-735-893-1.072-1.273-1.345-2.002-2.039-2.980-3.107-3.286-3.547-3.899-4.209-6.964-7.278-11.076-12.599-13.269-20.154GoiásDistrito FederalPiauíMato Grosso doSulAcreAmapáRoraimaTocantinsMaranhãoBahiaRondôniaEspírito SantoRio Grande doNorteParanáSergipeParáParaíbaMato GrossoCearáAmazonasSanta CatarinaMinas GeraisRio Grande doSulSão PauloRio de JaneiroAlagoasPernambuco-20k-10k0k-30k10k
Fonte: MTE
Estados
Segundo o MTE, apenas quatro estados e o Distrito Federal tiveram ganho de vagas em abril: Goiás (+2.285 postos), Distrito Federal (+1.053 postos), Piauí (+612 postos), Mato Grosso do Sul (+369 postos) e Acre(+95 postos).
Pernambuco foi o estado que registrou a maior queda de emprego, com a perda de 20.154 postos, seguido por Alagoas, com corte de 13.269 postos, influenciados, principalmente, pelo desempenho do subsetor de produtos alimentícios, relacionado às atividades de fabricação de açúcar em bruto.
Houve cortes significativos, ainda, no Rio de Janeiro(-12.599 postos), resultado ligado ao setor de serviços e à indústria de transformação, e em São Paulo (-11.076 postos), saldo devido principalmente à queda no comércio.
* Colaborou Alexandro Martello, do G1 em Brasília

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