Globo Esporte
Por Thierry Gozzer e Raphael Andriolo
Direto de Toronto, Canadá
Jogadoras da seleção brasileira comemoram o título conquistado em Toronto (Foto: Jonne Roriz/Exemplus/COB)
As argentinas brigaram, venderam caro cada gol, chegaram até a assustar no primeiro tempo, mas não há nas Américas no momento alguém que consiga vencer o handebol feminino do Brasil. Invicta e sem perder um jogo em Pan desde 1995, quando caiu para os Estados Unidos, a seleção brasileira derrotou a Argentina por 25 a 20 e manteve sua impressionante hegemonia em Jogos Pan-Americanos. O triunfo valeu o pentacampeonato seguido para as meninas do técnico Morten Soubak. Alexandra Nascimento e Dani Piedade, as mais experientes do grupo, chegaram ao seu tetracampeonato no Canadá. Com seis gols, a própria Alê foi quem mais marcou. Ana Paula fez cinco.
- Já estávamos nos preparando e sabíamos que não ia ser fácil. Em Cuba (no Pan da modalidade), o Brasil conseguiu um jogo fácil até o final. E sabíamos que elas viriam para matar. No primeiro tempo demos mole, não conseguimos impor nosso jogo, mas no segundo tempo todo mundo conseguiu acordar e conseguimos jogar o handebol alegre do Brasil - disse Alexandra Nascimento.
Alexandra Nascimento comemora vitória sobre a Argentina (Foto: Cinara Piccolo/Photo&grafia)
Na primeira fase, a seleção brasileira atropelou todos os adversários. Venceu na estreia Porto Rico por 38 a 21. Depois, bateu o Canadá pelo placar de 48 a 12. Fechando a primeira fase, derrubou o México por 34 a 19. Nas semifinais, a seleção também não tomou conhecimento do Uruguai, vencendo por fáceis 40 a 22.
O Brasil agora mira suas atenções para o Mundial da modalidade, que acontece em dezembro, na Dinamarca. A seleção é a atual campeã do mundo, título conquistado na Sérvia, em 2013. As meninas do Brasil estão no Grupo com a própria Argentina, França, Alemanha, Coreia do Sul e Congo. O torneio vai de 5 a 20 de dezembro.
- Não conseguimos fazer o contra-ataque no primeiro tempo. A Argentina estava muito bem preparada para a nossa ação ofensiva. Depois, conseguimos pegar confiança, arremessar melhor. O primeiro tempo foi mais mérito da Argentina. Parabéns para elas. Elas deram 100%. Antes do jogo falei para as meninas tomarem cuidado e não acharem que o jogo seria fácil - explicou o técnico Morten Soubak.
Para a Argentina, um alento. Apesar do vice, a seleção argentina pôde comemorar a vaga olímpica. A vaga para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foi garantida a partir do momento que a equipe chegou à decisão contra o Brasil. A vaga seria da campeã, mas como o Brasil já estava garantido, a Argentina herdou o posto.
Brasileiras festejam, ainda na quadra, a conquista do ouro pan-americano (Foto: José Méndez/EFE)
ARGENTINA COMPLICA NO PRIMEIRO TEMPO
Contando com os erros de ataque do Brasil nos primeiros ataques, a Argentina começou melhor e na frente. Chegou a abrir 4 a 1, com a seleção marcando apenas com Amanda em jogada trabalhada. Ana Paula, na sequência, também fez seu primeiro gol. Mendoza, em tiro de sete metros, colocou as hermanas de novo com três gols de frente. Aos nove minutos, a Argentina tinha 7 a 2 e Mendoza era a artilheira com três gols. Com gols de Deonise e Alê, o Brasil trouxe a diferença para 7 a 4.
Trabalhando muito com Mena no pivô, a Argentina conseguia tiros de sete metros um atrás do outro e os convertia: 8 a 4 aos 12 minutos. Alê, em tiro de sete metros sofrido por Fernanda, colocou o Brasil bem perto com 8 a 6. Fernanda, em saída rápida para o ataque, anotou mais um: 8 a 7. Amanda, aos 19, empatou. Tamires, em jogada de pivô, virou para a seleção em 10 a 9. Com dois gols seguidos de Karsten e outro de Sans, a Argentina passou à frente de novo com 12 a 10. Em escalada rápida, o Brasil ainda igualou em 12 a 12 ao fim da etapa.
SELEÇÃO ACORDA E RESOLVE O JOGO EM 10 MINUTOS
Dani Piedade em ação contra a Argentina no handebol (Foto: Cinara Piccolo/Photo&grafia)
O Brasil voltou muito melhor na segunda etapa. Em três minutos, anotou três gols, com Deonise, Ana Paula e Alê, e não levou nenhum: 15 a 12. Em ponte aérea de Deonise, Alê marcou um golaço e ampliou ainda mais a vantagem brasileira. Alê, por cobertura, fez seu quinto gol na partida e a seleção deslanchou no placar. A diferença técnica do primeiro para o segundo tempo era gritante. Com 12 minutos de duelo, a Argentina ainda não havia feito gol. Aos 16 minutos de jogo, o Brasil tinha 20 a 12.
Aos 22 minutos, o Brasil abriu dez gols com Jéssica Quintino. A Argentina só voltou a marcar aos 20 minutos, com Karsten, mas a essa hora o jogo era completamente brasileiro. Perdendo o jogo e a cabeça, a própria Karsten provocou Deonise e fez ambas ganharem punição, ficando dois minutos fora de quadra. Ana Paula também levou dois minutos em seguida, e o Brasil ficou com desvantagem numérica, ajudando as hermanas a descontar e trazer o placar para 24 a 16. Nos últimos minutos, a seleção chegou a diminuir o ritmo, a Argentina diminuiu para 25 a 20, mas a vitória já era brasileira. E o pentacampeonato também.
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