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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Diário oficial traz homologação dos três novos 'Mestres das Artes da Paraíba'



O Conselho Estadual de Cultura homologou o resultado final do Edital da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e concedeu, em caráter legítimo e definitivo, o registro de ‘Mestre das Artes Canhoto da Paraíba’ à Maria José do Nascimento (Mestre Zefinha), Francisco Alves (Coroné Chico Tripa) e José Hermínio Caieira. O resultado foi anunciado após análise de mérito cultural e idoneidade das candidaturas de competência do referido Conselho. A chamada pública visou a ocupação das vagas disponíveis para pessoas que tivessem conhecimento e técnicas necessárias para a produção e preservação da cultura tradicional do Estado da Paraíba. A homologação foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 26 (sexta-feira).

A presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), Lu Maia, também membro do Conselho Estadual de Cultura, relatou que dentro do Conselho foram realizadas inúmeras reuniões com a pauta dos novos mestres e que até foi nomeada uma Comissão Setorial para focar somente no tema, a qual ela foi indicada como coordenadora. “Participamos desde o processo do regulamento do Registro e a Coordenação se resumiu a reunir os integrantes e distribuir entre eles os 18 processos de indicação de nomes”, explicou Lu Maia.

A coordenadora disse que para deixar a escolha mais concreta, transparente e democrática, todos os membros da Comissão foram pessoalmente ao local onde viviam os indicados, que incluíam várias cidades da Paraíba. “Até para não errarmos, fomos ao local, decidimos avaliar não somente o papel. Nesse processo, eu chorei, ri com todos eles. Encontramos pessoas trabalhando, outras doentes. Não é fácil atender toda uma demanda de artistas que estão à margem das políticas públicas de cultura. Infelizmente, só temos três vagas disponíveis no momento”, relatou Lu Maia.

Dessas 18 indicações, foram escolhidos três artistas. De acordo com o Conselho, o processo foi o mais transparente possível e baseado nas premissas da lei que rege o Edital. Ao todo, o Registro Mestre das Artes é formado por 30 nomes e uma vaga surge apenas quando um dos membros vem a falecer. Após o registro, o novo componente passa a receber uma ajuda de custo referente a dois salários mínimos e se compromete a repassar o conhecimento de sua arte.

Lu Maia acrescenta que dentre os critérios, os mestres teriam que ter um tempo significativo dedicado a sua arte e ter vontade de repassar este conhecimento. “A ajuda de custo é apenas um auxílio. O mestre tem que estar apto a repassar o conhecimento, até para que sua arte não morra com ele – esse é o principal objetivo. Eles ficam livres para fazer isto da forma que puderem e souberem. Certamente esse conhecimento é prático e vem de uma herança da cultura popular, de sua identidade cultural, de herança familiar...”, disse a coordenadora da Comissão.

Requisitos – De acordo com o Edital, foram partes legítimas para provocar a inscrição do processo de Registro no Livro dos Mestres das Artes: a Secretaria do Estado da Cultura; a Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba; o Conselho de Proteção dos Bens Históricos Culturais (Conpec); as entidades sem fins lucrativos, sediadas no Estado da Paraíba, que estejam constituídas há pelo menos um ano e que incluam, entre as suas finalidades, a proteção ao patrimônio cultural ou artístico estadual. O próprio candidato não poderia autoinscrever-se.

Os requisitos para a inscrição eram: estar vivo; ser paraibano ou brasileiro residente no Estado da Paraíba há mais de vinte anos; ter comprovada participação em atividades culturais há mais de vinte anos; estar capacitado a transmitir seus conhecimentos ou suas técnicas a alunos ou aprendizes. Para a concessão do registro, foram apreciados: relevância da vida e obra voltadas para a cultura tradicional da Paraíba; reconhecimento público das tradições culturais desenvolvidas; permanência na atividade e capacidade de transmissão dos conhecimentos artísticos e culturais; larga experiência e vivência dos costumes e tradições culturais; situação de carência econômica e social do candidato.

Perfis - Maria José é uma artesã residente de Pitimbu e trabalha com fibra de coco. Francisco Alves mora em Bayeux, trabalha com cultura popular e também é conhecido como “quadrilheiro”, por trabalhar com quadrilhas de dança. José Hermínio é um senhor de 84 anos, mora em Santa Rita, também trabalha com cultura popular e é conhecido como “rabequeiro”, por tocar a rabeca. Todos eles têm cerca de 50 anos de contribuição às artes. Saiba um pouco mais sobre os novos mestres.

Mestre Zefinha - Dona Maria José do Nascimento, mais conhecida como Mestre Zefinha, 66 anos, reside na Praia de Pitimbú e há 45 anos trabalha com artesanato. “Desde os meus 22 anos trabalho com a fibra de coco e nunca imaginei que nessa altura da vida eu fosse ter um presente deste bem próximo ao meu aniversário, que é dia 02 de novembro”, destacou, emocionada.

Todo o material recolhido pela artesã é extraído de locais próximos, como a Praia de Acaú, distrito de Taquara e até do Conde. “Eu pago para alguém subir e retirar as palhas porque não tenho mais idade pra isso. Depois eu limpo, passo água e com ajuda de uma faca e tampa de latas faço fruteiras, frutas, animais, chapéus, bolsas e finalizo o acabamento com verniz, cola e pincel”, explica a nova mestra.

Mestre Zefinha costuma participar de feiras de artesanato durante todo o ano, em João Pessoa. Na Praia de Pitimbú, recentemente ela conseguiu colocar um quiosque na praça para vender seus produtos. Sobre o prêmio, ela diz: “Eu fiquei muito feliz com o convite, chorei de alegria. Eu vou poder ter uma vida mais digna agora, pagar minhas contas em dia e comprar minhas coisinhas. Além disso, vou passar a fabricar mais e investir no meu quiosque”.

Coroné - Francisco Alves, 82 anos, é mais conhecido como “Coroné Chico Tripa”. Natural da cidade de Areia, desde 1954 mora em Bayeux, onde foi marcador de quadrilha junina e de escolas de samba. Nessa atividade de quadrilheiro, ele já foi apelidado de vários nomes. Seu primeiro “batizado” foi de José Bedeu, depois Zé Bode, Coroné Fredegoso do Ó, e por último, Chico Tripa, porque vendia essas partes do boi na feira.

Atualmente, é presidente da Federação das Quadrilhas do Estado da Paraíba, com sede em Bayeux, tendo recebido ao longo da sua vida mais de 60 troféus e o Título de Cidadão de Bayeux. Apesar de ainda brincar - como ele mesmo fala - e marcar quadrilha, ele repassou um pouco da sua experiência e tradição para o filho Wesley Cardoso Alves, o Coronel Falcão.

À frente da tradicional Quadrilha Fazenda Nova, de Bayeux, com 46 anos de existência e 48 componentes, ele diz ter ficado muito feliz com o reconhecimento do Governo do Estado por seu trabalho. “Em nenhuma época, em nenhum Governo, o artista paraibano foi tão valorizado. Quando eu soube da notícia eu não acreditei, pois eu achei que fosse chegar ao fim da vida sem ser valorizado. Não é somente eu que ganho não, é a quadrilha e, principalmente, a preservação da cultura local genuinamente paraibana”, destacou.

José Hermínio – José Hermínio Caieira é membro do Cavalo Marinho de Mestre Messias, rabequeiro dos grupos de Cavalo Marinho do Mestre Gasosa, Mestre Zequinha, Mestre Paulo e Mestre Jovelino. É também artesão, criador e membro do grupo de forró “Zé Hermínio e Seu Conjunto”. Já participou do CD “Música de Rabequeiros”, coletânea que reúne os mais importantes músicos dessa área no Brasil, tais como: Antônio Nóbrega, Siba, Cego Oliveira, Nélson da Rabeca e Maciel Salustiano.


Fonte: Secom-PB

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